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terça-feira, 23 de março de 2010

Religioso confunde Justiça Divina com a Lei dos homens

Dia 22/03/2010, teve início o julgamento do do casal Nardoni, cujo pai e madastra foram acusados de asfixiar e jogar a filha de 05 anos de idade, Isabella Nardoni, do sexto andar do prédio onde moravam, em São Paulo). No dia desse julgamento que operadores do Direito comentavam ser um "dia histórico para o País", foi divulgado no portal G1.com que na frente do Fórum de Santana (SP), onde será o julgamento no Tribunal do Juri, estava um religioso de terno e gravata (foto acima), identificado como Orlando Torres, de 58 anos, e que disse ser membro da Assembléia de Deus, de Belém do Pará. Na frente do Fórum de Santana (SP), o homem realizava uma pregação, empunhando uma Bíblia e dizendo que "Deus salva a alma de todos". Disse ainda o religioso que o julgamento do casal não compete à justiça, declarando: "quem julga é Deus!". O homem afirmava que o casal seria perdoado e completava: "Perdoar é tranquilo... Deus já perdoou!".

Além disso, em sua fala, o religioso pentecostal disse também que já entragara uma Bíblia ao ex-prefeito Paulo Maluf e agora quer levar uma Bíblia para o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, (preso em Brasília desde 11/02/2010). Segundo o portal G1.com, o religioso declarou em sua pregação: "Ele estava reclamando da comida. Mas acho que o problema dele é com a palavra. Quero levar a Palavra de Deus e salvar a alma do Arruda". Além do momento de pregação, Orlando Torres entoava hinos de louvor a Deus e dava saltos. Apesar de contrariar alguns dos manifestantes presentes, não houve qualquer confronto com o religioso.

A manifestação é livre, o direito de falar o que quiser, desde que seja sem anonimato é protegido pela Constituição Federal Brasileira. Porém, a questão da pregação do religioso é complexa, vez que em sua pregação induz as pessoas a interpretarem que a Lei e a justiça não devem ser respeitadas, que todos podem cometer crimes diversos, e que Deus estará pronto para perdoar a todos.

O cuidado com esse tipo de manifestação não tem sido levado em consideração pelas pessoas que propagam a Palavra de Deus, contrariando a própria Bíblia, que diz sobre a necessidade do respeito às Leis dos homens, em várias passagens do Livro Sagrado. Infelizmente, muitos religiosos, sem a sabedoria necessária, acaba confundindo o perdão Divino com os julgamentos que todas as pessoas são submetidas ao cometerem delitos de diversas naturezas. No dito filosófico ou popular, "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!"; ou seja, uma coisa é o julgamento e perdão Divino, outra coisa é o julgamento e o cumprimento das Leis que norteiam e regulam uma sociedade organizada, tendo de ser respeitado o direito e dever de cada cidadão, onde este pode e deve preservar em qualquer situação, o seu direito de fazer o que bem entender, mas também, responder por seus atos irresponsáveis. Cidadão que faz o que quer e ignora a Lei, não é cidadão.

E usar a Bíblia para ignorar fatos que destroem a sociedade parece-me ser uma idéia absurda. "A LEI NOS ENVIA A CRISTO PARA SERMOS JUSTIFICADOS, E CRISTO NOS INDICA A LEI PARA SERMOS DISCIPLINADOS!" (Geikie & Cowger).

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