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segunda-feira, 15 de março de 2010

Exemplo de conduta que 'incomoda' muita gente.

Em uma manhã do mês de julho/2009, o coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Paulo César Lopes (foto acima, onde dá lição de cidadania à tropa), comandava uma operação de repressão ao tráfico, em uma favela na Capital Fluminense. Naquela manhã, 70 policiais estavam fazendo o seu trabalho cotidiano, e, por muita felicidade, ou por ordem Divina, tudo acompanhado por um jornal que fazia reportagem com filmagens. Assim, uma história que depois incomodaria muita gente, estava por acontecer.

Segundo um adolescente, ele teve a residência invadida por um policial, sendo agredido, torturado e humilhado. No entanto, diante de muitos casos de violência dessa natureza, onde acabavam no esquecimento ou na impunidade, este caso, em especial, teve outro fim. A coragem de um pai, diante de um oficial da polícia militar, mudou o rumo dos acontecimentos. O policial, que era um cabo, foi devidamente identificado, e, diante dos colegas de farda, recebeu voz de prisão do coronel Paulo César Lopes, que ainda retirou a arma da posse do comandado na frente de todos, inclusive, da comunidade onde realizava a operação.

Evidentemente e infelizmente, para muitos policiais militares, a atitude do Comandante foi arbitrária, autoritária. Mas, antes de comentar sobre a exemplar atitude do digno Comandante, vamos aos fatos: O menor, de 14 anos, emocionado, relatou ao pai que um policial entrou na casa perguntando por armas e drogas. Quando respondeu que ali não existia nada daquilo, o garoto disse que recebeu um tapa do lado esquerdo do rosto. Não satisfeito, o policial colocou um saco plástico na sua cabeça, prendendo a respiração. Depois, o mesmo policial desferiu socos no peito do menor, deixando-o desacordado por um tempo. O pai do menor, indignado com o sofrimento e humilhação que o seu filho acabara de sofrer, corajosamente, e não menos exemplar, procurou o comandante responsável pela operação e relatou tudo que o filho lhe contou. Imediatamente, o coronel Paulo César Lopes interrompeu a operação naquela comunidade.

O oficial chamou o garoto, e pediu para identificar o policial responsável pela barbariedade. O menor, ainda com medo, trêmulo e assustado, apontou o torturador travestido de policial. O coronel perguntou ainda ao menor se ele tinha certeza de que era ele mesmo. Com a confirmação, o oficial deu voz de prisão ao comandado (prisão administrativa), ordenou que entregasse a arma a um outro colega de farda, e disse que seria encaminhado ao Distrito Policial para que fosse registrado o fato (abuso de autoridade), juntamente com o menor e o seu representante, o pai. Uma cena incrível: Todos observando, policiais em absoluto silêncio, constrangidos, envergonhados! Parecia surreal. Mas a lição do comandante não parou por ali.

O oficial ordenou que todos os policiais envolvidos na operação fossem convocados e ficassem perfilados na área de um CIEP (Centro Integrado de Educação Pública), popularmente conhecido como Brizolão. O coronel Paulo César Lopes, diante da tropa perfilada (foto acima), indignado, e quase que não acreditando no que acabara de acontecer com um dos seus comandados, falou com autoridade: "Polícia não foi feita para dar porrada... Tem que respeitar para ser respeitado. Nós precisamos contar com o apoio da população, se você é hostil com a população, você vai ter o tratamento recíproco, e a população não vai cooperar contigo, é coisa elementar" (sic). Visivelmente contrariado, o coronel continuou com a bronca, andando de um lado para o outro e fazendo gestos com os braços: "Temos que ter noção... vamos tratar bem a população. A população precisa nos apoiar. Se a população gostar da PM nós vamos ter aumento, porque o governador vai ser compelido a dar aumento a gente" (sic).

Até aí, tudo bem. A "pancada" derradeira para a tropa veio logo a seguir, e demonstra toda a frustração, ou sentimento de revolta de um oficial da policial militar considerado por muitos como exemplar, linha dura, que não admite transgressão à normal legal, e muito menos tolera a péssima conduta de profissionais que são pagos (ainda que de forma indigna) para defender o povo. Eis o que o coronel falou diante da tropa perfilada, sem piedade: "O QUE É BOM CUSTA CARO; NÓS SOMOS RUINS, CUSTAMOS BARATO!" (sic). Depois que foi divulgado a reportagem em jornal impresso e o vídeo disponibilizado na internet, houve aprovação por parte de muitas pessoas e autoridades (militares e políticos), e reprovação por parte da Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, condenando o ato do coronel. Houve também a reprovação de um tenente-coronel da polícia militar, alegando que não havia o flagrante, podendo cada um falar o que quiser.

Com o devido respeito, a opinião deste oficial foi simplista e legalista. Já para a coordenadora do Centro de Estudos da Segurança e Cidadania (CESEC), a ação do coronel Lopes "é uma virada histórica na posição de comandantes, que sempre desconfiam da denúncia da população, mesmo quando ela é convincente; e que o coronel teve coragem de reconhecer que a tropa se excedeu". Não posso deixar de ressaltar a atitude corajosa e exemplar do pai do menor, que denunciou o fato, mostrando ao filho como um cidadão deve fazer. Este pai fez o que Coelho Neto escreveu: "UM PAI, AINDA O MAIS POBRE, TEM SEMPRE UMA RIQUEZA PARA DEIXAR AO FILHO: O EXEMPLO!".

Polêmica à parte, certo é que abusos de autoridade são vistos a toda hora, em muitos lugares e nos mais diversos setores do poder público. O fato ocorrido demonstra que a polícia militar deve ser preparada para servir à população, e não para intimidar esta. Aprendi que para se conhecer realmente uma pessoa, devemos dar poder a esta, e ela própria revelará quem é verdadeiramente! Assim, NÃO devemos deixar que uma simples farda, roupa ou gravata, título, poder, ou seja lá o que for, ATROFIE nosso cérebro! PARABÉNS AO PAI CIDADÃO E AO CORONEL PAULO CÉSAR LOPES!

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