
Segundo um adolescente, ele teve a residência invadida por um policial, sendo agredido, torturado e humilhado. No entanto, diante de muitos casos de violência dessa natureza, onde acabavam no esquecimento ou na impunidade, este caso, em especial, teve outro fim. A coragem de um pai, diante de um oficial da polícia militar, mudou o rumo dos acontecimentos. O policial, que era um cabo, foi devidamente identificado, e, diante dos colegas de farda, recebeu voz de prisão do coronel Paulo César Lopes, que ainda retirou a arma da posse do comandado na frente de todos, inclusive, da comunidade onde realizava a operação.
Evidentemente e infelizmente, para muitos policiais militares, a atitude do Comandante foi arbitrária, autoritária. Mas, antes de comentar sobre a exemplar atitude do digno Comandante, vamos aos fatos: O menor, de 14 anos, emocionado, relatou ao pai que um policial entrou na casa perguntando por armas e drogas. Quando respondeu que ali não existia nada daquilo, o garoto disse que recebeu um tapa do lado esquerdo do rosto. Não satisfeito, o policial colocou um saco plástico na sua cabeça, prendendo a respiração. Depois, o mesmo policial desferiu socos no peito do menor, deixando-o desacordado por um tempo. O pai do menor, indignado com o sofrimento e humilhação que o seu filho acabara de sofrer, corajosamente, e não menos exemplar, procurou o comandante responsável pela operação e relatou tudo que o filho lhe contou. Imediatamente, o coronel Paulo César Lopes interrompeu a operação naquela comunidade.
O oficial chamou o garoto, e pediu para identificar o policial responsável pela barbariedade. O menor, ainda com medo, trêmulo e assustado, apontou o torturador travestido de policial. O coronel perguntou ainda ao menor se ele tinha certeza de que era ele mesmo. Com a confirmação, o oficial deu voz de prisão ao comandado (prisão administrativa), ordenou que entregasse a arma a um outro colega de farda, e disse que seria encaminhado ao Distrito Policial para que fosse registrado o fato (abuso de autoridade), juntamente com o menor e o seu representante, o pai. Uma cena incrível: Todos observando, policiais em absoluto silêncio, constrangidos, envergonhados! Parecia surreal. Mas a lição do comandante não parou por ali.
O oficial ordenou que todos os policiais envolvidos na operação fossem convocados e ficassem perfilados na área de um CIEP (Centro Integrado de Educação Pública), popularmente conhecido como Brizolão. O coronel Paulo César Lopes, diante da tropa perfilada (foto acima), indignado, e quase que não acreditando no que acabara de acontecer com um dos seus comandados, falou com autoridade: "Polícia não foi feita para dar porrada... Tem que respeitar para ser respeitado. Nós precisamos contar com o apoio da população, se você é hostil com a população, você vai ter o tratamento recíproco, e a população não vai cooperar contigo, é coisa elementar" (sic). Visivelmente contrariado, o coronel continuou com a bronca, andando de um lado para o outro e fazendo gestos com os braços: "Temos que ter noção... vamos tratar bem a população. A população precisa nos apoiar. Se a população gostar da PM nós vamos ter aumento, porque o governador vai ser compelido a dar aumento a gente" (sic).
Até aí, tudo bem. A "pancada" derradeira para a tropa veio logo a seguir, e demonstra toda a frustração, ou sentimento de revolta de um oficial da policial militar considerado por muitos como exemplar, linha dura, que não admite transgressão à normal legal, e muito menos tolera a péssima conduta de profissionais que são pagos (ainda que de forma indigna) para defender o povo. Eis o que o coronel falou diante da tropa perfilada, sem piedade: "O QUE É BOM CUSTA CARO; NÓS SOMOS RUINS, CUSTAMOS BARATO!" (sic). Depois que foi divulgado a reportagem em jornal impresso e o vídeo disponibilizado na internet, houve aprovação por parte de muitas pessoas e autoridades (militares e políticos), e reprovação por parte da Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, condenando o ato do coronel. Houve também a reprovação de um tenente-coronel da polícia militar, alegando que não havia o flagrante, podendo cada um falar o que quiser.
Com o devido respeito, a opinião deste oficial foi simplista e legalista. Já para a coordenadora do Centro de Estudos da Segurança e Cidadania (CESEC), a ação do coronel Lopes "é uma virada histórica na posição de comandantes, que sempre desconfiam da denúncia da população, mesmo quando ela é convincente; e que o coronel teve coragem de reconhecer que a tropa se excedeu". Não posso deixar de ressaltar a atitude corajosa e exemplar do pai do menor, que denunciou o fato, mostrando ao filho como um cidadão deve fazer. Este pai fez o que Coelho Neto escreveu: "UM PAI, AINDA O MAIS POBRE, TEM SEMPRE UMA RIQUEZA PARA DEIXAR AO FILHO: O EXEMPLO!".
Polêmica à parte, certo é que abusos de autoridade são vistos a toda hora, em muitos lugares e nos mais diversos setores do poder público. O fato ocorrido demonstra que a polícia militar deve ser preparada para servir à população, e não para intimidar esta. Aprendi que para se conhecer realmente uma pessoa, devemos dar poder a esta, e ela própria revelará quem é verdadeiramente! Assim, NÃO devemos deixar que uma simples farda, roupa ou gravata, título, poder, ou seja lá o que for, ATROFIE nosso cérebro! PARABÉNS AO PAI CIDADÃO E AO CORONEL PAULO CÉSAR LOPES!
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