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sábado, 25 de dezembro de 2010

Um pedido ao Papai Noel em uma 'cartinha' premiada.

Desejando FELIZ NATAL A TODOS DA NOSSA SOCIEDADE, e antes de transcrever a íntegra de uma "Cartinha ao Papai Noel", neste dia de NATAL, sendo o primeiro deste Blog, vou relatar a sua origem; de como tudo começou, até que eu participasse de um evento realizado pela 2ª Vara Cível da Comarca de Ipatinga-MG, cujo juiz titular era o Dr. Fábio Torres de Sousa (foto acima), que hoje comanda a Vara da Fazenda Pública, na mesma Comarca. Além da função de juiz em Ipatinga, Dr. Fábio era professor na faculdade onde eu estudei (FADIPA - Faculdade de Direito de Ipatinga). Na cadeira de Direito Econônimo, ele ensinou muito mais do que a disciplina que dominava com maestria. Aluno novo na faculdade e na cidade de Ipatinga, não conhecia o Dr. Fábio, e sequer sabia que ele era juiz quando assistia as suas aulas. Com uma simplicidade singular e uma forma divertida de lecionar, o referido professor e juiz ensinou muito mais do que a disciplina que tinha a responsabilidade de transmitir aos alunos. As atitudes do Dr. Fábio eram contrárias a de outros tantos profissionais do Direito, que ficam em "pedestais", abraçados com a soberba, escondidos atrás de "títulos", e com o famigerado "rei na barriga". Aqui em Cabo Frio também tem isso.

Logo no primeiro dia de aula em sua disciplina, Dr. Fábio impactou os novatos com a seguinte mensagem, dentre outras: "... Cada um de vocês está aqui por algum motivo; cada um de vocês vai escolher alguma coisa para fazer quando terminar o curso. Alguns serão advogados ou advogadas; outros serão juízes ou juízas; alguns promotores ou promotoras; enfim... O QUE VOCÊS VÃO FAZER DE DIFERENTE?! QUAL É A CONTRIBUIÇÃO QUE VOCÊS DARÃO PARA A SOCIEDADE?!". Lembro-me dessas palavras como se hoje fosse; ouvindo e observando atentamente a sua conversa com os alunos silenciosos, vi algo muito diferente naquele professor, pois suas palavras impactaram-me. Algum tempo depois fiquei sabendo que ele era juiz da Comarca de Ipatinga. Muito bem recebido na classe onde estudava, no semestre seguinte os colegas me elegeram Líder de Turma, com o meu colega Turma e amigo ALLEN, sendo vice-líder. Lá na FADIPA, diferentemente da Estácio de Sá, cada classe tem um representante para reivindicar os direitos dos alunos, representando-os na Direção da Faculdade e no Diretório Acadêmico (D.A.), onde também fui membro por um mandato de um ano em uma chapa da qual participei.

Pois bem... mais um semestre se passou até que houve um ato de determinado professor que culminou em uma representação junto ao Conselho da Faculdade. O referido professor e advogado, com abuso de autoridade e prepotência diante da Turma, além de grande desrespeito com determinada aluna, que foi às lágrimas, perdeu a razão. O "dublê" de professor da disciplina de Direito Civil queria aplicar uma prova oral para substituir a prova escrita aplicada, onde as notas dos alunos foram satisfatórias, na maioria. Alguns alunos, com medo de represálias, queriam sujeitar-se aos desmandos do professor;  eu e o vice-líder de Turma recusamos a arbitrariedade do professor. Com isso, tivemos a nota "ZERADA". Na oportuidade, o vice-líder, por muito pouco, não agride o professor fisicamente, desferindo um soco na mesa. No pátio da Faculdade, com alguns colegas na mesa, em silêncio, eu pensava no ocorrido, na busca de uma solução.

Foi quando se aproximou uma pessoa que eu não conhecia, pois não era da classe, e falou: "Vocês não podem permitir que isso fique dessa maneira; precisam fazer alguma coisa!" (Dias depois eu soube que aquele rapaz era um Promotor de Justiça, namorado da aluna que foi desrespeitada e humilhada). Chamei o vice-líder de Turma para conversar e decidimos deixar alguma atitude para o dia seguinte, após "esfriarmos a cabeça". Passada a "frustração", o colega vice-líder telefonou-me e pediu para comparecer no escritório onde trabalhava o seu irmão, advogado, para uma conversa sobre o ocorrido na Faculdade. Lá, o dono do escritório de advocacia, também advogado e que ministrava aulas em outra Faculdade, conversou conosco, dizendo que a situação merecia uma atitude firme, e que, mesmo sendo amigo próximo do advogado e professor que praticou a arbitrariedade e falta de educação conosco, queria propor um ATO DE DESAGRAFO em desfavor do colega professor.

Foi exatamente o que fizemos, com a ajuda do mestre. Com um documento de 05 laudas, acompanhado da assinatura de 40, dos 51 alunos da classe, ingressamos como o ATO DE DESAGRAVO E REQUERIMENTO na Direção da Faculdade, com diversos pedidos, principalmente, o retorno das notas que foram "ZERADAS" e retratação do professor diante dos alunos da Turma. O caso foi parar no Conselho da Faculdade, com a reunião de 09 (nove) pessoas, sendo 08 (oito) professores, dentre deles, juízes também da Comarca de Ipatinga, e o Diretor (proprietário) da Faculdade. Este foi o único que votou a favor do professor, para preservá-lo. Ou seja, ganhamos o julgamento por 8 x 1, sendo aceitos todos os pedidos formulados no ATO DE DESAGRAVO. Diante disso, o professor, em outro ato de extrema SOBERBA e EGOCENTRISMO, pediu demissão, não aceitando a decisão do Conselho da Faculdade. O caso criou grande repercussão na referida Faculdade, pois algumas Turmas não gostaram do pedido de demissão do professor em questão, considerado o melhor na sua disciplina, Direito Civil, com grande conhecimento na área. Porém, deixou que todo o conhecimento que adquiriu acabasse por "atrofiar" o seu cérebro, menosprezando pessoas que tinham dificuldades de aprender, e que faziam perguntas desconexas. Outras pessoas gostaram do pedido de demissão, vez que já sofriam com a prepotência do professor demissionário e covarde, chegando até parabenizar a atitude da nossa Turma, com a representação feita contra o professor, ato que até então, ninguém tinha feito. A questão é que o "egocentrismo" do professor acabou virando "soberba", que se transformou em "autoritarismo". Coisa impressionante!

Daí, a origem da "Cartinha ao Papai Noel", evento criado pelo Dr. Fábio Torres de Sousa, já falado acima, professor e juiz de Direito, e na época, também Diretor do Fórum de Ipatinga. O referido magistrado publicou o evento nas dependências do Fórum para que qualquer pessoa da sociedade partipar, escrevendo uma "Cartinha ao Papai Noel", depositando-a em uma urna, com identificação e telefone; seguindo um regulamento específico publicado, com temas; critérios diversos, incluindo criatividade; limite de linhas; proibição de plágio; e juri para avaliar as "cartinhas" entregues, que iria escolher três para serem premiadas, sem ranking. Dentre as escolhidas, segue abaixo a "Cartinha ao Papai Noel" que escrevi, na íntegra:


ILUSTRÍSSIMO SENHOR DA ALEGRIA, FELICIDADE E BOM VELHINHO PAPAI NOEL


Tema: "Curioso Natal"


Querido Papai Noel, valho-me desta oportunidade para fazer um pedido onde muitos serão os beneficiados. Ter alegria de viver é primordial para se conseguir algo na vida. E para se conseguir algo na vida, faz-se mister ter dignidade, respeito e consideração com o semelhante.

Aqui, dentro da "Casa da Justiça", venho pedir para que a ânsia pelo saber e pelo título de "Doutor" não disvitue do verdadeiro e digno objetivo de aprender e ensinar. Ensinar, dando exemplo de respeito ao próximo e perceber que somos humanos, e os que nos rodeiam devem estar olhando para um espelho, vendo refletir tudo que há de bom no mundo.

Peço para que o senhor, Papai Noel, mude as instituições de ensino, e que elas revejam seus conceitos e paradigmas nas formações de novos profissionais, sejam eles ilustres professores, advogados, juízes, promotores, médicos, etc. Mas, para que novos profissionais sejam formados, é preciso que novos formadores dignos assumam seus papéis, retirando dos "pedestais", aqueles que se acham os "poderosos" ou "intocáveis", cujos exemplos agridem e destoam do verdadeiro espírito de ensinar e dar bom exemplo.

Um título de "Doutor" é uma "ninharia", perto da diferença que uma pessoa pode fazer, mostrando que é, acima de tudo, GENTE. Ser "Doutor" apenas pelo título não impõe respeito, se as atitudes do mesmo não coadunam com o galardão recebido. Os aprendizes mortais de hoje buscam algo maior, pautando por uma formação capaz de fazer com que cada um faça realmente uma grande diferença positiva para a sociedade.

Desta forma, achando um pedido justo e significativo para toda a sociedade, ilustre Papai Noel, é que o faço a ti.  Ademais, se o pedido fosse impossível, eu o dirigiria a DEUS!

Com alegria, pedindo deferimento, agradeço antecipadamente.

Ipatinga-MG, 14 de dezembro de 2004.

Osmar Filho
(Aprendiz)

"A CIÊNCIA INCOMPLETA DÁ AOS HOMENS A ALTIVEZ; A CIÊNCIA PERFEITA, A HUMILDADE. ASSIM AS ESPIGAS: AS VAZIAS SE ERGUEM ARROGANTES AOS CÉUS; AS CHEIAS, ABAIXAM-SE, HUMILDES, PARA A TERRA MATERNA!". (Dimitri Merejkovsky; escritor francês, 1866-1941)

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