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domingo, 14 de abril de 2013

► A entrevista com GERALDO VANDRÉ no aniversário de 75 anos, em 2010.

Bem que eu tentei não deixar o assunto muito extenso, mas "resumir" Geraldo Vandré é algo bem difícil. Completando o assunto anterior, no qual teve o destaque da música que fez o público vaiar qualquer imposição de jurados ou outra escolha que não fosse a música "SÍMBOLO" de mudança em um País, segue abaixo alguns trechos da entrevista feita com o artista, funcionário público federal aposentado e advogado. No fim, postei os 04 vídeos com a entrevista com um dos maiores compositores deste País.



Com Jornalismo "ensaiado",
inútil e "rasteiro"
TV Globo tentou fazer da entrevista com o cantor e compositor Geraldo Vandré, um sensacionalismo "tupiniquim", do jeito que a famigerada empresa de TV gosta, mas esqueceu-se que estava diante de um cidadão muito inteligente e que havia se recolhido no exílio porque o País onde nasceu não gosta de valorizar a cultura, a boa informação e formação e a educação de qualidade. Assistindo a entrevista feita pela Globo News, com narração de Sérgio Chapelin, que a Globo (e ele também, talvez) resolveu limitar na apresentação do programa Globo Repórter, às sextas-feiras. Na entrevista, o jornalista Geneton Moraes Neto, talvez pensou que estivesse conversando com um ex-participante do famigerado programa "BBB" (Big Bosta Brasil), ou ainda, algum ex-participante do programa "A Fazenda", da Rede Record (ou "Recópia"). Fato é que as primeiras perguntas para o cantor e compositor Geraldo Vandré foram feitas com opções de respostas, querendo limitar o pensamento do entrevistado para manipular, disfarçadamente, as respostas originais, inteligentes e críticas do interlocutor com muita cultura. Que isso!

Geraldo Vandré, 75 anos
no ano de 2010
Após 04 meses de conversas para agendar a gravação da entrevista, no ano de 2010, quando Geraldo Vandré completou 75 anos de idade, a TV Globo queria entrevista o CIDADÃO que foi censurado por causa de sua canção. Após o exílio, o próprio Geraldo Vandré declara que ele é um exilado dentro do seu próprio país. A entrevista foi feita no Clube da Aeronáutica, no Rio de Janeiro, onde existe um hotel. O problema é que o jornalista talvez não tenha se preparado para entrevistar um CIDADÃO culto e que "quebraria o silêncio" para falar o que ele quisesse e NÃO o que pudessem "obrigar" ele a falar. Geraldo Vandré estava afastado do que sabe fazer e bem, mas NÃO estava com o "espírito anestesiado" e nem com o "cérebro atrofiado", como, possivelmente, ficam muitos supostos jornalistas espalhados pelo Brasil.

Na entrevista, Geraldo Vandré deixa claro que o motivo para ficar "longe dos palcos" é a inútil "CULTURA MASSIFICADA". Ele declara, com toda as letras, que no Brasil não existe mais espaço para o que ele fazia antes, que era uma arte com qualidadeChegou a explicar a pergunta sobre a divergência com outros artistas da época e resumiu a resposta tranquilamente: "Eu não faço qualquer coisa". E sobre "ARTE", com sobriedade e uma inteligência ímpar, ele criticou com firmeza e ainda deu gargalhada sobre o nenhum valor que o Brasil dá para a "ARTE", bem como, o significado de um País sem leis, porque estas não são praticadas. Eis a declaração de Geraldo Vandré: "Eu estudei leis. Quando eu terminei o meu curso de Direito no Rio, eu fui me dedicar a uma carreira artística e já sabia que a arte é cultura inútil. Mas hoje eu consegui ser mais inútil que qualquer artista. Eu sou advogado num tempo sei lei. Quer coisa mais inútil que isso?!" - Essa  última frase, com um misto de pergunta e afirmação, Geraldo Vandré falou olhando para a câmera. SENSACIONAL!!!


Propaganda enganosa do "GOVERNO VAGABUNDO FEDERAL"
Com frases bem críticas, demonstrando uma indignação contra a pouca valorização da cultura e educação, que eleva a condição de todo e qualquer cidadão, Geraldo Vandré disse: "Não há nada mais subversivo do que um subdesenvolvido erudito". A crítica é para um País que não quer fazer investimento na capacidade de cada CIDADÃO porque todos os CIDADÃOS juntos, possivelmente, mude esta desigualdade, este País que ainda atua como subdesenvolvido. E sobre a pergunta "se o Brasil é um País ingrato", Geraldo Vandré é lacônico, respondendo: "Não. As coisas acontecem". E para completar esta resposta, o artista cita o poema de Gonçalves Dias: "Não chores, meu filho. Não chores, que a vida é luta renhida. Viver é lutar. A vida é combate, que os fracos abate; que os fortes, os bravos só pode exaltar!".


"Treinamento" da TV
Brasileira?
Em certo ponto da entrevista, o jornalista tentou constranger o cantor e compositor Geraldo Vandré, falando sobre uma composição de uma música que o artista fez para a Força Aérea Brasileira em alusão de que ele seria um antimilitarista. Geraldo Vandré fez questão de dizer que nunca foi antimilitarista e que a declaração dele, gravada pelo governo brasileiro antes dele retornar ao Brasil pode ter sido manipulada, como fazem com o "VT" (Vídeo Tape). Inclusive, mencionou a própria entrevista com ele naquele momento, que ele diz uma coisa e o que vai ser editado, depende de cada situação. O jornalista vai falar o que?


Muitos políticos querem
que continue assim
E no momento que o repórter quis saber de um verbete em uma enciclopédia para falar de Geraldo Vandré, o jornalista recebeu uma resposta com ironia seguida de uma gargalhada: "O CRIMINOSO". Perguntado sobre o motivo, Geraldo Vandré então explica ao jornalista, didaticamente, para que ele direitinho: "O que você chama de governo e me tem como anistiado... eu fui demitido do serviço público por casa da canção e o que se apresenta como governo no Brasil até hoje, cobra impostos sobre o corpo de delito daquela canção que eu fiz. Deu para entender agora?". Não satisfeito com a própria reposta, Geraldo Vandré foi além e continuou a explicação, dando um "tapa sem mão" no governo, que não entende o que faz, falando sobre a anistia oferecida a ele: "Eu voltei, por força um despacho dado com fundamento na chamada Lei de Anistia, como se eu fosse um criminoso. Anistia é para criminoso sentenciado em sentença transitada em julgado e mesmo assim, se o anistiado aceitar. Porque aceitar a anistia significa aceitar-se criminoso e se beneficiar da anistia".

Outro ponto muito importante da entrevista quando Geraldo Vandré deu uma aula de Direito para o jornalista, falando sobre os direitos autorais, quando o repórter perguntou como sobrevive. Geraldo Vandré respondeu depois da aula de Direito e ainda afirmou o SUBDESENVOLVIMENTO de um País chamado BRASIL, de forma bem direta, objetiva. Simplesmente ESPETACULAR!!!


Por fim, Geraldo Vandré declarou seu fascínio pela Aviação, motivo também pelo qual fez uma música para a Força Aérea Brasileira. E após reafirmar que não era antimilitarista e falar sobre a necessidade de se manter as Forças Militares no País, em virtude da defesa do mesmo, sendo soberano, Geraldo Vandré também recitou a letra composta exclusivamente para a Aviação, que tanto gosta e que podemos conferir abaixo, sendo a última parte, o refrão:


"Desde os tempos distantes de criança
Numa força sem par do pensamento
Teu sentido infinito e resultante
Do que sempre será meu sentimento
Todo teu, todo amor e encantamento
Vertente esplendor e firmamento

Como a flor do melhor entendimento
A certeza que nunca me faltou
Na firmeza do teu querer bastante
Seja perto ou distante é meu sustento
De lamentos não vive o que é
Querente do teu ser no passado e no presente

Do futuro direi que sabem gentes
De todos os rincões e continentes
Que só tu sabes do meu querer silente
Porque só tu soubeste, enquanto infante,
Das luzes do Luzir mais reluzente
Pertencer ao meu ser mais permanente

Vive em tuas asas
Todo o meu viver
Meu sonhar marinho
Todo amanhecer"


Abaixo estão os 04 vídeos da entrevista editada pela TV Globo (em reportagem da Globo News), sendo o último um complemento de pouco mais de 05 minutos, onde Geraldo Vandré também recita a música feita para a Força Aérea Militar. Geraldo Vandré, o CIDADÃO BRASILEIRO que sofreu com a ditadura; o artista "silenciado", mas com a sua obra "ecoou" nos ouvidos dos que não sabem o que é CIDADANIA. É um CIDADÃO e crítico culto, bem distante da "rasteira cultura massificada" da qual ele, com certeza, jamais será lembrado.



1º Vídeo da entrevista - 1/4




2º Vídeo da entrevista - 2/4




3º Vídeo da entrevista - 3/4




4º Vídeo da entrevista - 4/4



"NOS QUARTÉIS LHES ENSINAM UMA ANTIGA LIÇÃO: DE MORRER PELA PÁTRIA E VIVER SEM RAZÃO." (Trecho da música "Pra não dizer que lhe Falei das Flores", de Geraldo Vandré)

2 comentários:

  1. Geraldo Vandré! Este é o nome. Fala curta, profunda, carregada de hstória. Sábio demais para um país que ainda não leu os seus versos e não bebeu do vinho seco de suas palavras.
    Geraldo Vandré está mais vivo do que nunca, do que muitos pensam - ele não vegeta - conhece o Brasil como poucos!
    Por Jorge Manoel Venâncio Martins

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    Respostas
    1. Adoraria conhecer esta pessoa, este Ser Humano, que felizmente, não se deixou ser comprado por um país, sem lei.
      Vivo porque vim e preciso viver, porque sou culpado de ajudar a por 4 filhos neste país cruel, cruel, nojento e me sinto indignado por me arrepender. Tenho que ser forte.

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