Enquanto a mídia "endeusou" um "simples mortal" que faleceu devido a complicações de uma doença destruidora que mata muitas pessoas no Brasil de forma rápida, pois não têm recursos e o governo não trabalha para minorar o sofrimento; e enquanto o povo se comove com tudo que é divulgado na imprensa, tornando em uma comoção patriótica, prestando solidariedade à família, aproveito a oportunidade para escrever sobre uma situação que acontece muito na vida de diversas pessoas, sejam elas maiores ou menores de idade. Porém, antes de escrever o sobre um importante assunto, aproveito para repassar aqui a expressão correta sobre o reconhecimento ou não da maioridade de uma pessoa. Expressão normalmente usada de forma errada: "FULANO É DE MAIOR"; expressão correta: "FULANO É MAIOR DE IDADE". Então, usemos a expressão correta. Voltando ao assunto: toda a imprensa lançou uma "overdose" de informações sobre o falecimento do ex-presidente da República José Alencar Gomes da Silva (foto acxima), empresário que acompanhou o ex-presidente Lula em dois mandatos consecutivos (2003-2006, e 2007-2010). Diversos políticos e pessoas públicas resolveram fazer diversos elogios ao homem público que acabara de falecer. Como é de "praxe" do ser humano, as homenagens foram feitas sem que o falecido pudesse agradecer.
Depois de tantas cirurgias realizadas desde o ano de 1997, creio que todas as interferências cirúrgicas foram simples ATOS PROTELATÓRIOS. Ou seja, apesar de ter a possibilidade de usufruir de um sistema avançado de tratamento contra o câncer, com os melhores especialistas no Brasil e no exterior, o "simples mortal" JOSÉ ALENCAR conseguiu adiar por quase 14 anos o fim da sua "luta" contra a covarde doença. Outros "simples mortais" não têm a oportunidade de uma luta tão longa, pois não têm acesso a tratamentos avançados, dependendo de um "SUS" (Sistema Único de Saúde) MISERÁVEL, DEPLORÁVEL, REPUGNANTE! E muitas pessoas, mesmo sabendo da diferença de tratamento e de oportunidades; muitas famílias que ouvem promessas de políticos que não passam de falácias, ainda assim, são solidárias com um homem que mostrou coragem e "espírito guerreiro" durante vários anos de sofrimento, de idas e vindas de hospitais, na busca incessante de uma "cura" possível. O resultado da "peregrinação" em hospitais foi um adiamento do fatídico dia, tão somente.
O HOMEM que a classe política "idolatrou" após sua morte, quase tornando-o um "santo"; o HOMEM que teve o seu primeiro emprego aos 14 anos na função de vendedor, nos anos de 1945, em Muriaé-MG, e chegou a dormir em um corredor de um pensionato porque não tinha dinheiro para pagar um quarto; o HOMEM que abriu a sua primeira loja de tecidos em Caratinga, usando o dinheiro emprestado por um irmão; o homem que construiu um império empresarial através de um empréstimo governamental, através da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), fundando a COTEMINAS, localizada em Montes Claros, norte de Minas Gerais, tornando-se um dos maiores grupos têxteis do Brasil; o HOMEM que presidiu por cinco anos a Federação das Indústrias de Minas Gerais, além da Associação Comercial de Minas e a Câmara de Diretores Logistas de Belo Horizonte; este mesmo HOMEM que foi eleito senador com quase 3 milhões de votos em 1998, gastando a "módica" quantia de R$ 6 milhões, numa das campanhas mais caras do país NÃO quis reconhecer a PATERNIDADE de uma pessoa que precisou acionar o Poder Judiciário para requerer seus direitos. Este HOMEM, José Alencar, se recusou a fazer o exame de DNA para confirmar ou não a PATERNIDADE de uma cidadã, professora, de 55 anos de idade, chamada ROSEMARY DE MORAIS (na foto acima, em Caratinga-MG, onde sempre passo quando vou para Ipatinga-MG).
Não vou adentrar na questão pessoal de José Alencar de aceitar ou não a realização de um exame que hoje atesta, fielmente, a paternidade de uma pessoa. A questão é mais ampla, e envolve muitas pessoas e crianças por este imenso Brasil. A Rosemary buscou um direito que todo filho ou filha tem que fazer. Sendo maior de idade, ela buscou seus direitos na Justiça, independente da vontade de sua mãe. Mas, muitas crianças não têm essa oportunidade, e dependem da mãe para buscarem seus direitos no judiciário, pois esbarram na falta de vontade de suas genitoras em buscarem o direito de SEUS FILHOS, representando-os judicialmente, quando ainda são menores de idade. Por desconhecimento, pouca instrução, somando-se à raiva do companheiro, pelo rompimento do relacionamento ou quaisquer outros motivos, muitas mães acabam por "FURTAR" o direito dos filhos de terem em sua certidão de nascimento ou carteira de identidade o nome paterno. A criança quer e precisa saber quem é o seu pai, mesmo que este não queira dar o carinho e a presença desejada e necessária; mas precisam ter protegidos os seus direitos, fazendo com que a Justiça faça a intervenção, com a mãe representando-a na Justiça, buscando a participação na mantença do(a) filho(a), sustentando-o(a) também, conforme a Lei.
José de Alencar, o empresário e político tão elogiado depois de morto, fato comum pós-morte, não cumpriu com a sua obrigação de cidadão e pai, esquivando-se do reconhecimento de uma paternidade judicial; pelo contrário, utilizando-se do privilégio financeiro para recorrer da sentença em 1º grau, em Caratinga-MG, onde a Justiça reconheceu a paternidade da cidadã Rosemary de Morais. A Rosemary, com 55 anos, já realizava o seu sustento, sem necessitar da ajuda do pai. Fico imaginando uma criança no lugar de Rosemary, necessitando da ajuda paterna para o seu sustento; e o pai, financeiramente confortável, com uma vitoriosa carreira empresarial, se negando a cumprir o seu dever de cidadão, de, no mínimo, se submeter ao exame de DNA para dirimir a questão. Mas, fez exatamente o contrário, e se NEGOU a desfazer a dúvida; se negou a provar o contrário, tendo contra si, uma sentença "condenatória". Sim, o RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE, para José Alencar, creio eu, foi CONDENATÓRIA, demonstrado pelo recurso da sentença, fato que demonstra a sua total INSATISFAÇÃO. Um homem que teve coragem suficiente para enfrentar uma doença cruel e destruidora, agiu com COVARDIA, diante da possibilidade de exercer na ÍNTEGRA, a sua QUALIDADE de PAI. Uma pessoa hoje, decepcionada, me falou: "ELE NÃO FEZ PAPEL DE HOMEM".
Morreu e virou "santo"?! Evidente que NÃO. Morreu e deve ser crucificado por essa falha?! Da mesma forma, NÃO. O que eu quero dizer é que o senhor José Alencar é apenas mais um ser humano igual a todos nós, passíveis de falhas, erros. Porém, falhas ou erros que podem ser corrigidos, antes que a morte chegue primeiro. Alguém já se perguntou por qual motivo Deus permitiu que José Alencar vivesse ainda por quase 14 anos com uma grave doença?! Tinha algum erro para ser corrigido?! Pois é... Você mãe, que priva seus filhos de conhecerem o pai; que impede seus filhos de terem seus direitos reconhecidos; mude de paradigma, e busque o direito das crianças. Da mesma forma, você, que é filho(a), questione, cobre da sua mãe o seu direito e não permita que o ódio ou qualquer outro sentimento desprezível faça da sua vida um sofrimento sem fim. E você PAI, que pode viver uma situação parecida que viveu o homem empresário e político José Alencar, busque a oportunidade de corrigir seu erro, e assuma suas responsabilidades. Deus não deseja que suas "criaturas" fiquem sem "pais", sem origem, sem presente, e sem futuro. Ao contrário disso, Deus deseja que todas as pessoas tenham uma "identidade paterna", uma "referência", uma pessoa para chamar de "PAI"! Uma atitude de um PAI, neste sentido, eu posso chamar de um ATO HERÓICO... isso sim! Cidadãos, busquem seus DIREITOS, sempre!
"NÃO QUERO QUE DEUS ME DÊ NEM UM DIA DE VIDA A MAIS QUE EU NÃO POSSA ME ORGULHAR!" (José Alencar; empresário e ex-presidente do Brasil, 1931-2011)
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